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Fora da mira dos conservadores
Heraldo do Monte lança álbum em que a viola é protagonista do choro
texto Itamar Dantas
Com 81 anos recém-completados em maio, o instrumentista Heraldo do Monte lança o 15o disco da sua carreira, que leva o seu nome. A princípio, a obra se chamaria Choro de Viola, uma vez que é esse ritmo instrumental brasileiro o principal homenageado no trabalho. Mas, segundo o próprio músico, o patrulhamento dos puristas o fez mudar de ideia. “O choro tem muitos patrulheiros conservadores. Quis sair da mira deles. É só música.”
Unindo duas de suas paixões, a viola e o choro, é com sua viola de seis duplas de cordas (diferente das tradicionais, que levam cinco duplas) que Heraldo percorre choros clássicos, como “Lamentos” (Pixinguinha e Vinicius de Moraes) e “Doce de Coco” (Jacob do Bandolim). Além deles, o disco conta com quatro músicas do repertório do instrumentista: “Moreneide”, “Pra Lurdes”, “Doçura” e “Esperando a Feijoada”. Todas elas receberam novos arranjos para integrar o álbum.
Outros três temas foram compostos especialmente para o projeto. São eles: “Choro de Viola”, “Torto” e “Inteiriço”. Das três novidades, Heraldo destaca “Inteiriço”, último tema registrado no disco. “O lirismo e a harmonia, meio erudita e inquieta, de ‘Inteiriço’, a última faixa do CD, me agradam. Pena que seja quase impossível de pegar de ouvido”, conta o músico. “Mas a partitura completa com o arranjo e a melodia estará no livro que vou lançar neste ano, com songbook, biografia estendida e detalhada, fotos etc.”
Heraldo é ativo nas redes sociais e, vira e mexe, comenta o seu trabalho no Facebook. Sobre a gravação de “Doce de Coco”, fez questão de frisar para seus seguidores o cuidado que teve ao interpretar o tema. “De tanto ouvir pessoas cantando e tocando errado essa passagem em sol menor, meio ‘oriental’, desrespeitando nosso Jacob, na minha gravação recente para a Biscoito Fino dou uma paradinha para mostrar, nota por nota, como é o original. Para isso, ouvi gravações de ‘Doce de Coco’ em ocasiões distintas. Todas com Jacob, é claro!”
Normalmente associada à música caipira, a viola tem experimentado novos ares nos últimos anos, com instrumentistas que a exploram em outros terrenos. Agora, o grupo conta com Heraldo do Monte como aliado. “Talvez faltasse minha modesta colaboração. Muitos já tentaram, mas a viola padece da imagem de instrumento ligado só à música caipira”, defende ele.
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